Livro: O que
somos no deserto
Data: 26/12/13
Foi para o deserto que Abrão foi levado para oferecer
Isaque, seu único filho- o filho da promessa – como sacrifício vivo ao Senhor,
e ali aprendeu a confiar ainda mais nos Deus que tudo provê.
O povo hebreu passou 400 anos cativos, e após sua
libertação, experimentou 40 anos de peregrinação no deserto, onde recebeu
orientação e desenvolveu princípios que o tornaria um diferencial entre as
nações à sua volta.
Também encontramos João Batista vivendo no deserto,
anunciando e preparando o caminho para o Messias, que já estava entre o povo da
nação de Israel.
Paulo partiu para o deserto após sua conversão, e após
reconstruir sua teologia, voltou para Damasco, pronto para pregar aos gentios.
E por fim, o próprio Filho de Deus foi conduzido ao deserto pelo Espírito
Santo, para testificar ao mundo que Satanás seria vencido, de uma vez por
todas.
O deserto não é apenas um lugar de provação e tribulação,
mas acima de tudo, é também o local onde Deus espera que sejamos preparados
para mostrar ao mundo a excelência de Seu poder e soberania.
“Eu te conheci no
deserto, em terra muito seca.” Oseias 13.5
No deserto é um local em que Ele age constantemente em nós.
O deserto não é lugar de onde os filhos de Deus saem derrotados; é lugar de
vitória.
Na Bíblia e em toda a história, homens e mulheres passaram
por este lugar como uma maneira de serem capacitados por Deus, para cumprirem
seu propósito. Portanto, o deserto não significa rejeição, mas preparo divino.
No deserto somos preparados para ouvir o chamado que Deus
tem para nós. O deserto é o local onde encontramos a nós mesmo. É nessa
situação que podemos estabelecer um propósito para nossa vida, tendo a profunda
convicção de que vivemos para a glória de Deus. “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois a
ele eternamente. Amém!”(Romanos 11.36)
O deserto é o lugar onde somos capacitados espiritualmente.
“O Pai das
misericórdias e o Deus de toda a consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação,
para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a
consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus.” (2 Coríntios
1.3,4)
Assim, o deserto, que a princípio seria um lugar de exaustão
e queda, passa a ser um ambiente em que o verdadeiro sentido da vida é
valorizado.
O deserto tem muitas características: solidão, aridez,
desconforto, esterilidade. Todas as vezes em que nos deparamos com tais
realidades é porque estamos, com toda certeza, atravessando um deserto. Por mais que tais realidades sejam produzidas
por situações criadas pelo próprio homem e suas próprias decisões, a Bíblia nos
ensina que o deserto com todas as suas dificuldades, sempre é uma escola de
Deus.
No deserto é um lugar em que Deus fala e nós ouvimos. Com
isso, aprendemos a ser humildes.
Ou seja, o deserto é uma “lixa” de Deus, que remove a
espessa e dura camada de orgulho com a qual nos revestimos nos momentos de
prosperidade.
O texto de Deuteronômio 8.2 evidencia outro propósito de
Deus: Para saber o que estava no teu
coração. Na verdade, não há nada como um deserto para ajudar-nos a conhecer
o nosso próprio eu.
Você é o símbolo da presença de Deus neste mundo.
Ao sofrermos, ao experimentarmos apertos típicos do deserto,
devemos espalhar o bom perfume de Cristo. Na vida cristã ao passarmos por lutas
e adversidades não pode haver mau cheiro. Não pode haver murmuração reclamação,
nem amargura.
Quando espremidos pelas diversas atrocidades do deserto, o
verdadeiro cristão tem de promover admiração nos ímpios, seja pelo bom perfume
de Cristo que exala nestas situações, seja pela beleza emanada por ele no
ambiente em que vive, graças à sua firme com convicção no Salvador.
O verdadeiro cristão não cresce apenas naquilo que todos
veem, mas também no profundo relacionamento com Deus. Ele não necessita ficar
evidenciando que é santo, nem procurando mostrar maior consagração que o irmão.
Ele possui raízes fundas, e buscas as coisas de Deus com profundidade de
entendimento e vontade.
Quando tirarem alguma coisa de você, é certo que Deus lhe
retribuirá muito mais, pois aquilo que arrancam do cristão não diminui, pelo
contrário, só cresce. A renovação de vida que o Senhor proporciona a você é
semelhante à oliveira, que renasce sempre!
Os cristãos sobrevivem situações em que os ímpios perecem e
a circunstâncias em que outros desfalecem.
Por mais dura e destrutiva que seja adversidade que
estejamos vivendo, ela não tem o poder de consumir-nos, pois suportamos o fogo
intenso! Esse é um dos nossos diferencias: nas situações em que os ímpios são
devorados pelas chamas da destruição, nós nos apresentamos resistente, firmes e
convictos do poder de Deus em nossas vidas!
E também fazemos a diferença neste deserto exibindo a beleza
que existe em nós, graças à dedicação que apresentamos ao Senhor Jesus.
Onde estamos, onde vivemos, a beleza e a paz de Onde
estamos, onde vivemos, a beleza e a paz de Cristo se instalam.
“Abrirei rios em
lugares altos e fontes, no meio dos vales; tornarei o deserto em tanques de
águas e a terra seca, em mananciais. Plantarei no deserto o cedro, e a árvore
de sita, e a murta, e a oliveira; conjuntamente, porei no ermo a faia, o
olmeiro e o álamo, para que todos vejam, e saibam, e considerem, e juntamente
entendam que a mão do Senhor fez isso, e o Santo de Israel o criou.”
(Isaías 41.18-20)
À medida que reconhecemos nossas limitações, passamos a
depender mais de Deus e não e nossa própria energia, esforço ou talento.
Nossas limitações não só ajudam a desenvolver o caráter
cristão como também aprofundam nossa adoração.
Quando estamos fracos, permitindo que Deus no preencha com o
Seu poder, então somos mais fortes do que jamais poderíamos ser sozinhos. Deus não quer que sejamos fracos, passivos ou
ineficientes.
E, em seguida, recebemos a ordenança de florescer e
frutificar neste deserto, para que possamos ajudar e conduzir aqueles que se
encontram enfraquecidos e quase vencidos pela travessia de fogo.
O Senhor nos chamou para acabar com os desertos da
frustração, da angústia e da derrota.
Porém, não podemos deixar de permanecer atentos. Muitas
vezes, desejamos tudo pronto, queremos dar frutos sem esforço. Deus nos dá as
possibilidades e oferece dons para nós. Estes precisam ser plantados, regados e
cuidados para que possam produzir frutos. No entanto a tarefa é nossa, porque o
Senhor já colocou a semente em nossas mãos.
É tempo de trabalhar para a construção deste deserto
renovado, em que a justiça e paz serão os alicerces. O mundo melhor que
sonhamos depende dos nossos esforços para ser edificado. A nossa omissão terá
consequências desastrosas. Não basta deixar de realizar o mal, se nos omitirmos
em realizar o bem. O pastor norte-americano Martin Luther King ilustrou bem
esta nossa preocupação.
“O que me preocupa não
é o grito dos mais. É o silêncio dos bons. O que me assusta não é a violência
de poucos, mas a omissão de muitos. Temos aprendido a voar como os pássaros, a
nada como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos.
No final, não lembraremos as palavras de nossos inimigos, mas o silêncio dos
nossos amigos.”
Moisés foi treinado por Deus 40 anos no deserto, Moisés pôde
libertar Israel da escravidão e guiar esse povo rumo à Terra Prometida. Porque
foi graduado na escola do deserto Elias pôde enfrentar, com bravura, a fúria do
ímpio rei Acabe e trazer a nação aposta de volta a presença do Senhor. Porque
passou três anos no deserto da Arábia, Paulo foi preparado por Ele para ser um
grande líder do cristianismo.
Quando Deus nos leva para o deserto é para equipar-nos, e,
depois , Ele nos usa com graça e poder em Sua obra. Nós somos capacitados por
Ele no deserto, a fim de lançarmos raízes profundas no vale da sequidão,
transformando-o em lugar de fontes e águas fundas, pela ação florescente e
eficaz de Deus em nós.
Não precisamos ter medo do deserto, se Aquele que nos leva
para este local está no comando de tudo.
A escassez deste lugar é intensa, e a solidão, patente. Porém, a ação de
Deus nele é intensa e restauradora. É no deserto que observamos melhor e com
maior nitidez o que o Senhor quer que sejamos, e é lá também que o frescor das
folhas verdes possui maior valor. Do mesmo modo, é lá que podemos realçar a
presença viva do Espírito Santo em nós!
O deserto tende a fazer-nos desanimar, pois o clima é
desfavorável, e o ambiente, desconfortável. Além disso, ele, de uma forma
geral, tem a reputação de sustentar pouca vida. Mas, é no calor escaldante do
deserto, neste lugar árido e desconfortável, que descobrimos a fonte da Água da
Vida.